Além de lembrar a
importância da conservação do peixe-boi marinho e do meio ambiente, o Forró do
Peixe-Boi 2014 também veio estimular a valorização da comunidade e cultura
local. Durante os dois dias de evento, o público pôde ao mesmo tempo conferir
um resgate de expressões culturais tradicionais como o cortejo da Lapinha da
Barra de Mamanguape e o Toré da tribo indígena da comunidade de Tramataia, e shows
de bandas paraibanas com influências contemporâneas como Esquentaê, Forró das
Arábias e o músico Danilo Wagner. Quem mais ganhou com esse encontro foi o
público, que marcou presença em todas as apresentações.
Apresentação
da Lapinha
Manifestação
popular antiga da região, a Lapinha abriu a noite da programação cultural do
Forró do Peixe-Boi no sábado, atraindo dezenas de pessoas. Meninas
representando os cordões de pastoril vermelho e azul, ao som de violas e
pandeiros, seguiram em cortejo até o pátio da Igreja da Barra de Mamanguape. As
duas cores dividiam as torcidas na comunidade, que arrecadavam contribuições
para a cor preferida. A apresentação durou cerca de uma hora e empolgou tanto
os visitantes, que as meninas foram convidadas para se apresentar, na semana seguinte, na associação comunitária de Lagoa de Praia, localidade
vizinha.
“Resgatar a lapinha foi uma das
tantas coisas boas do Forró do Peixe-Boi. O fato de as meninas terem feito as
roupas, ensaiado, se apresentado, algumas vivenciado pela primeira vez a
lapinha, resistindo à chuva daquela noite ao embalo da torcida do vermelho e do
azul... e agora estarem num movimento próprio das comunidades vizinhas se
apresentando e sendo admiradas é bem legal”, disse a turismóloga Maíra Braga.
Show
de Danilo Wagner
Após o cortejo, o público foi
agraciado com shows de bandas paraibanas. Quem primeiro subiu ao placo foi o
grupo Esquantaê, formado por músicos da Barra de Mamanguape, que misturaram o
tradicional forró pé de serra com o forró estilizado. Na sequência, o jovem
músico Danilo Wagner, de Rio Tinto, empolgou a comunidade com uma mistura de
reggae, MPB, samba, rock e forró. Quem fechou a programação do sábado foi a
banda Forró das Arábias, conduzida pela vocalista Janaina Dias. “Muito bom
participar dessa festa! Acho muito importante eventos como este e projetos de
conservação voltados para o meio ambiente, para os animais. Tenho uma
preocupação pessoal com a questão do lixo, de ter o cuidado para não poluir o
ambiente, as ruas... Gostaria que todas as pessoas se preocupassem com as
questões ambientais”, disse Janaina.
No
domingo, a programação de cultura popular do Forró do Peixe-Boi terminou de
forma mais do que especial. Na Praia do Portinho, o público conferiu a
apresentação do toré da tribo indígena da comunidade de Tramataia. Os índios
chegaram de canoa e, caracterizados, começaram a dançar o toré embaixo das
oliveiras. Na sequência, convidaram as pessoas que assistiam à manifestação
cultural para dançar com eles. “Gostei muito da apresentação. Foi muito bom,
muito bonito, a gente dançou... Foi ótimo! Vocês estão de parabéns pelo evento!
Eu sou de Rio Tinto, a gente juntou os vizinhos todinhos numa excursão e viemos
aqui para ver o toré”, falou a dona de casa Edneuza.
Crianças
da Barra de Mamanguape atentas aos passos do toré
Após a apresentação, Nely Jerônimo,
da liderança indígena de Tramataia, conversou com um grupo de pessoas que
assistia ao toré e contou um pouco de como os índios da sua região vivem
atualmente. “As nossas tradições, os nossos costumes estão se perdendo... Então
sempre estamos passando isso para as nossas crianças, trazendo os pequemos para
a nossa cultura, para o toré... Precisamos reviver a nossa história. A nossa
relação com a natureza é muito forte, a gente vive dela... Precisamos cuidar,
porque hoje não temos quase nada. A gente encontra muito lixo nos rios. Tem
muita gente que não respeita a natureza”, disse Nely, enfatizando a importância
de se preservar a cultura e o meio ambiente.
Foto 1: Sé Silva/ Acervo FMA
Foto 2: Fernanda Meneses Rodrigues/ Acervo FMA
Foto 3: Karlilian Magalhães/ Acervo FMA
Foto 3: Karlilian Magalhães/ Acervo FMA
Foto 4: Fernanda Meneses Rodrigues/ Acervo FMA