Grupos
produtivos de comunidades da Área de Proteção Ambiental da Barra do Rio
Mamanguape receberam, no final de abril, a visita da Curadoria do Artesanato do
Estado da Paraíba. O presidente curador foi identificar e avaliar a produção do
artesanato local e registrar os artesãos da região num cadastro nacional. O
encontro foi facilitado pela Fundação Mamíferos Aquáticos (FMA), por meio do
Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho, que, além das atividades de pesquisa voltadas
para a conservação do mamífero aquático mais ameaçado de extinção do Brasil,
também realiza ações que contribuem para o desenvolvimento das comunidades
localizadas nas áreas de ocorrência da espécie.
“Nós estamos
trabalhando os grupos produtivos na região desde 2013 com o intuito de ampliar
as possibilidades de desenvolvimento comunitário e de geração de trabalho e
renda de forma coletiva e compartilhada, buscando sempre a valorização das
potencialidades e o empoderamento destes grupos. No primeiro momento, oferecemos
oficinas de capacitação com temas voltados para o empreendedorismo e o
desenvolvimento comunitário, e, como fruto dessas atividades, os participantes
elaboraram um plano de ação que previa, dentre outras vertentes, o desenvolvimento
das habilidades para o mercado de trabalho. Acreditamos que a visita da
curadoria é um passo importante neste processo”, explica Daniela Araújo,
técnica de Inclusão Social do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho.


O encontro
aconteceu na sede da Associação Eco-Oficina Peixe-Boi & Cia, onde são
produzidas as pelúcias alusivas ao peixe-boi marinho e a outros mamíferos
aquáticos, com o apoio da FMA. Os artesãos e artistas da localidade tiveram
seus trabalhos avaliados pelo presidente curador José Nilton da Silva, que se
mostrou surpreso com a produção da Barra de Mamanguape. “Encontramos aqui peças
artesanais que estão quase desaparecendo, a exemplo das redes de pesca, do
samburá e dos cestos feitos de cipó. O Governo da Paraíba quer resgatar essas tradições
das comunidades e a identidade cultural local”, conta José Nilton.

Na ocasião,
foram registrados também outros objetos feitos com cipó de fogo e a produção de
croché, vagonite tradicional e fuxico. De acordo com o curador, o governo
paraibano tem percorrido todo o território estadual para analisar, classificar
e registrar o que está sendo produzido em termos de artesanato na região. Esta
foi a primeira vez que a comunidade da Barra de Mamanguape recebeu a visita da
curadoria. Os artesãos locais passaram
por um critério de avaliação para verificar a classificação das peças
produzidas, se estas poderiam de fato se consideradas como artesanato ou como artes
manuais. Os participantes também fizeram uma demonstração em tempo real da
produção das peças. Ao final do processo, os artesãos foram cadastrados e, em
breve, receberão uma carteira de habilitação e identificação nacional, que os
oficializará como artesãos e lhes dará direitos e vantagens, como a abertura de
portas para participação em feiras, mais acesso a empréstimos e isenção de
impostos.
Fotos: Karlilian Magalhães/ Acervo FMA