
Dentre as instituições presentes, estavam a Associação Amigos do Peixe-Boi (AMPA), Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM), Fundação Mamíferos Aquáticos (FMA), APA da Barra do Rio Mamanguape, APA Costa dos Corais, Fórum Socioambiental da Costa dos Corais, Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis), Instituto Bioma Brasil, Instituto Biota de Conservação, Associação Peixe-Boi, BIOMa, ICMBio, Centro Mamíferos Aquáticos (CMA), Instituto Yandê, Grupo de Estudos de Mamíferos Aquáticos da Amazônia (GEMAM), Grupo de Pesquisa em Mamíferos Aquáticos Amazônicos (GPMAA), Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (IEPA), Instituto Mamíferos Aquáticos (IMA), Comissão Ilha Ativa (CIA) e Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha no Nordeste (CEPENE).
No primeiro dia do evento, a diretora vice-presidente da FMA, Jociery Vergara-Parente, deu boas-vindas aos participantes, falando da importância do evento e do compromisso das instituições com a conservação dos sirênios no Brasil. As consultoras Elisabete Braga e Ângela Cirilo ficaram responsáveis pela condução do Workshop. Numa dinâmica de grupo, os participantes se apresentaram, falaram um pouco do trabalho que suas instituições desenvolvem e expuseram suas expectativas com relação ao encontro. Os profissionais vieram do Amapá, Amazonas, Pará, Ceará, Piauí, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia.
Durante os dois dias de evento, grupos foram formados de acordo com temas sugeridos, áreas de trabalho e atividades afins. Por meio de dinâmicas, rodas de conversa, trocas de experiências e diálogos entre as instituições, foram elaboradas sistematizações e “árvores do conhecimento”, compreendendo desafios, facilidades, ações e atividades de EA em prol da conservação das espécies e ressaltando experiências exitosas desenvolvidas pelas instituições.

“Acho que foi bastante produtiva essa troca de experiências entre as instituições que trabalham com sirênios no Brasil. A gente pôde aprender algumas ações exitosas executadas por essas instituições, trocamos bastante figurinhas para poder replicar essas ações nas nossas áreas de trabalho. A Educação Ambiental é fundamental quando se trabalha com a conservação de qualquer espécie, seja animal, seja de planta. Sem ela é impossível realizar a conservação de maneira efetiva”, avaliou Ana Carolina Meirelles, coordenadora do Programa de Mamíferos Marinhos da Aquasis.

O ecólogo Jone César, diretor-executivo da AMPA, enfatizou a importância da troca de experiências entre as de instituições do Nordeste que trabalham com o peixe-boi-marinho e as do Norte do Brasil que trabalham com o peixe-boi-amazônico.


Para Jone César, a Educação Ambiental é o alicerce da conservação da espécie. Ele conta que há alguns anos, por perceber a importância de se trabalhar com as comunidades onde os animais vivem, a AMPA começou a desenvolver um programa de Educação Ambiental. “A gente viu que sem trabalhar com as comunidades, a gente estava perdendo espaço, perdendo a confiança deles e a gente não estava falando a mesma linguagem. No momento em que a gente começou a trabalhar a Educação Ambiental, a gente começou a mostrar a importância do peixe-boi para o habitat, a importância dos outros mamíferos aquáticos também, e começou a abordar outras questões que estavam relacionadas diretamente à qualidade de vida dos comunitários, como a questão do lixo, da qualidade da água, principalmente onde os animais vivem”, ressaltou Jone.
O ecólogo diz que a AMPA vem percebendo que, há alguns anos, tem havido uma mudança de comportamento por parte da população. Em alguns locais, há relatos que não existe mais a caça e que um dos fatores que também tem facilitando um pouco a preservação da espécie na Amazônia é que muita gente que caçava peixe-boi já está ficando mais velha. “A gente tem percebido que os jovens hoje em dia não querem mais caçar peixe-boi. Não sabemos ainda ao certo se é por causa das informações que a gente tem passado para eles ou se é por causa de alguma mudança mesmo de atitude das comunidades ribeirinhas lá na Amazônia, mas isso é algo que a gente precisa estudar mais para tentar entender essa realidade”, complementa o diretor-executivo da AMPA.
Troca de experiências

“Foi muito rica essa troca de experiências, aprendizados, metodologias, materiais. O workshop teve um clima muito positivo, de todo mundo estar aqui querendo construir cenários melhores para a conservação, para o envolvimento das pessoas que trabalham com Educação Ambiental. Acho que foi realmente um resultado muito interessante que a gente alcançou no coletivo e já traçando uma perspectiva de ações, conjuntas ou não, que podem ser multiplicadas nas localidades onde a gente atua e ações que possam, nos lugares onde ocorrem o peixe-boi, envolver cada vez mais pessoas”, avalia Maíra Braga, técnica de Inclusão Social e Desenvolvimento Comunitário da FMA e uma das organizadoras do evento.
Como frutos imediatos do Workshop, um grupo de e-mail com os participantes foi criado para discutir temas relacionados à EA e à conservação dos sirênios no Brasil, além do encaminhamento para a produção de um relatório oficial sobre o evento. Uma cartilha de Educação Ambiental também será produzida, com base nas discussões e temáticas trabalhadas no Workshop.
Como frutos imediatos do Workshop, um grupo de e-mail com os participantes foi criado para discutir temas relacionados à EA e à conservação dos sirênios no Brasil, além do encaminhamento para a produção de um relatório oficial sobre o evento. Uma cartilha de Educação Ambiental também será produzida, com base nas discussões e temáticas trabalhadas no Workshop.
Saiba um pouco sobre os sirênios do Brasil:
- PEIXE-BOI-MARINHO (Trichechus manatus manatus) – Mamífero aquático, da ordem Sirenia, chega a pesar 600 quilos e a medir aproximadamente 4 metros de comprimento. Alimenta-se de capim-agulha, diversas espécies de algas marinhas e folhas de mangue. Suas principais ameaças são as ações humanas como a poluição, assoreamento dos rios, perda de habitats, barcos motorizados, a caça e pesca predatória. Pode ser encontrado de Alagoas até o Amapá, de forma descontínua. A espécie ocupa atualmente o status de conservação “em perigo”.
- PEIXE-BOI-AMAZÔNICO (Trichechus inunguis) – Mamífero aquático, da ordem Sirenia, chega a pesar 450 quilos e a medir aproximadamente 3 metros de comprimento. Herbívoro, alimenta-se essencialmente de plantas aquáticas e semiaquáticas. Suas principais ameaças são as ações humanas como a caça, pesca predatória, barcos motorizados, poluição, assoreamento dos rios. Pode ser encontrado em todos os rios da bacia Amazônica. Seu status de conservação é “vulnerável”.
Fotos do Workshop: Karlilian Magalhães/ Acervo FMA
Foto do peixe-boi-marinho: Luciano Candisani/Acervo FMA