
“Estamos realizando estudos mais
aprofundados e enviando as amostras biológicas coletadas durante a necropsia
para laboratórios no Recife e em São Paulo para entendermos o que aconteceu de
fato com o animal e fecharmos um diagnóstico preciso sobre a causa da morte”,
afirma o pesquisador e médico veterinário, João Carlos Gomes Borges,
coordenador do PVPBM.
Tita era um animal reintroduzido.
Foi encontrada, ainda filhote, encalhada numa praia do Ceará em 2005 e levada
para o Centro Mamíferos Aquáticos/ICMBio, em Itamaracá, onde recebeu
atendimento adequado e permaneceu por cinco anos em processo de reabilitação.
Em 2010, já reabilitada, foi transferida para o cativeiro construído em
ambiente natural no estuário da Área de Proteção Ambiental da Barra do Rio
Mamanguape, para a readaptação, sendo solta neste estuário em 2012. De
acordo com os técnicos do PVPBM, Tita apresentava uma área de uso diferente dos
outros animais reintroduzidos. Ela costumava frequentar os locais situados mais
a jusante do rio. Os outros peixes-bois utilizam mais a desembocadura do
estuário. Assim como os quatro animais reintroduzidos (Mel, Iara, Puã e
Zelinha), Tita vinha sendo monitorada via satélite pela equipe do Projeto Viva
o Peixe-Boi Marinho, que também vem realizando o acompanhamento veterinário com
intuito de verificar o estado de saúde destes espécimes.
O peixe-boi-marinho (Trichechus
manatus manatus) está em perigo de extinção no Brasil. A morte de um peixe-boi
marinho representa uma tristeza sem tamanho para instituições, comunidades e
ambientalistas que trabalham em prol da conservação da espécie. Em um ambiente
conservado, estes animais podem viver uma média de 50 a 60 anos. No entanto, os
impactos ambientais provocados pelo homem ainda representam a maior ameaça à
espécie. Lixo, esgoto e substâncias tóxicas lançadas nos mares e nos rios,
circulação intensa de embarcações motorizadas nos locais de ocorrência da
espécie, degradação dos manguezais, destruição da mata ciliar, construções
desordenadas em praias e estuários, a perda de habitat (estuários e áreas
costeiras), captura acidental em redes de pesca. Todos estes fatores colocam em
risco o ambiente, a saúde e a vida deste mamífero.
O Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho – que é realizado pela
FMA e patrocinado pela PETROBRAS, através do Programa Petrobras Socioambiental
– está atuando na Paraíba desde 2013 com ações e atividades que visam evitar a
extinção da espécie no Nordeste do Brasil. Este foi o segundo caso de encalhe
de peixe-boi marinho morto registrado esta semana no litoral paraibano. A
equipe do Projeto orienta que caso alguém encontre um peixe-boi marinho ou
qualquer mamífero aquático encalhado, vivo ou morto, nas praias Paraíba, o
primeiro procedimento é comunicar ao órgão ambiental atuante na região ou
entrar em contato com a FMA, pelos telefones: (83) 99961-1338/ (83) 99961-1352/
(81) 3304-1443. Em casos de encalhe de animais vivos, enquanto aguarda a
chegada do resgate, a pessoa deve seguir as seguintes orientações: 1- Se o
animal estiver exposto ao sol, proteja-o fazendo uma sombra; 2- Não o alimente
e nem tente devolvê-lo à água; 3- Evite aglomeração a sua volta.